sábado, 22 de outubro de 2011


Miguel Midões: " Tudo na rádio é som"




No passado dia 13, às 18 horas, ocorreu o primeiro workshop de Jornalismo Radiofónico, no âmbito da iniciativa intitulada “Workshops de Jornalismo – LABJORNAL I”, no Complexo Pedagógico da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). Dar a conhecer a rotina de um jornalista radiofónico e desenvolver as competências práticas dos participantes em técnicas jornalísticas nesta área foram só alguns dos objetivos primários deste evento. 



Miguel Midões foi o convidado para dar cara a este workshop. Nasceu a 11 de julho de 1982 e é natural de Luso, distrito de Aveiro. É Jornalista na empresa Rádio Onda Livre, em Macedo de Cavaleiros, distrito de Bragança, onde desempenha “todas as funções que a um jornalista diz respeito”. Na mesma empresa, é também Coordenador da redação de informação local e Editor da CIR – Cadeia de Informação Regional, que abarca várias rádios: Rádio Onda Livre (Macedo de Cavaleiros), Rádio Brigântia (Bragança), Rádio Terra Quente (Mirandela), Rádio Ansiães (Carrazeda), Rádio UFM (Vila Real), Rádio Vinhais, Rádio Mirandum (Miranda), Rádio Alfandega FM (Alfândega da Fé) e Rádio Montalegre. A sua polivalência e o seu dinamismo ainda lhe permitem arranjar tempo para lecionar na área das Ciências da Comunicação, Marketing e Multimédia, no Instituto Piaget, em Macedo de Cavaleiros e Mirandela, distrito de Bragança. Em 2004, Miguel Midões licenciou-se em Comunicação – Comunicação Social, na Escola Superior de Educação de Coimbra (ESEC). Mais tarde, frequentou a UTAD, onde obteve, em 2009, o grau de Mestre em Ciências da Comunicação – Comunicação Pública, Política e Intercultural.



Consciente da árdua tarefa que lhe foi solicitada para este workshop de duas horas de duração, começou por salientar que é pouco tempo para tudo o que tem a transmitir. Contudo, abraçou este desafio com um dinamismo surpreendente e brindou os presentes com abundante informação de grande interesse e utilidade, sobretudo para aqueles que estão ligados à área do Jornalismo.

Dificuldades no terreno e trabalho na rádio

Começou por falar das suas experiências profissionais e dos problemas que enfrentou logo após ter terminado o Curso. Referiu, brincando, que quando saiu da Universidade achava que “sabia tudo”, mas que rapidamente se apercebeu que estava errado. Foi aprendendo com os seus erros e uma enorme vontade de trabalhar a fazer o que gosta, ficando sempre atento a tudo o que o rodeava. Nos sítios onde trabalhou, nunca deixou de bater o pé em prol das suas convicções. Tinha noção de que era jovem, mas também conhecia alguns dos direitos e das obrigações de um jornalista, evitando a todo o custo a manipulação por parte das chefias. Neste contexto, um dos vários conselhos que deixou aos presentes foi: “Não gravem publicidades, se vos pedirem. Vocês são jornalistas!”.

Salientou que “tudo na rádio é som (notícias, trânsito, tempo, música, etc.), ou seja, tudo quanto é informação produzida numa rádio, pelos jornalistas, animadores ou operadores de som e sonoplastas é som!”. Como o tempo na rádio é curto e como só se pode contar com o som para transmitir o que quer que seja aos ouvintes, deve tirar-se o maior proveito do mesmo.

Formação técnica ministrada

Explicou o significado de “RM” (Registos Magnéticos) que atualmente também se chamam “RD” (Registos Digitais), som ambiente e efeitos sonoros. Falou da importância da música. Salientou que os sons na rádio têm que informar, credibilizar e dar ritmo. Referiu o perigo da manipulação e artificialização ao editar um som. Esclareceu o que deve ser eliminado na edição de um som e a duração ideal que este deve ter. E mencionou os tipos de sonorização que se devem utilizar, entre muito mais.

Também fez várias demonstrações com o programa informático AdobeAudition 1.5, que utiliza diariamente para o tratamento dos sons. De seguida, fez questão de fornecer aos presentes algumas indicações em formato digital sobre o funcionamento deste programa, para tentarem executar algumas das proezas por ele exemplificadas. Alguns conseguiram e outros não.

Erros mais comuns

Partilhou que, com alguma frequência, jornalistas com pouca experiência lhe entregam notícias demasiado longas, que não podem passar na rádio sem antes serem encurtadas. Explicou que este é um trabalho que leva a cabo de seguida, pois a notícia tem de ir para o ar, na maior brevidade possível. Disse ser mais fácil encurtar a notícia para quem “está de fora” como ele, no caso de ele próprio não ter ido para o terreno recolher informação para escrever a notícia. O poder de síntese do profissional que não foi para o terreno tem tendência a manter-se mais neutro, podendo este averiguar com mais facilidade o que é mais importante transmitir aos ouvintes.

Miguel Midões terminou o workshop ainda cheio de energia e pronto a elucidar quaisquer dúvidas aos presentes. No final, o ambiente era claro: quem esteve neste evento ficou com muita água na boca, à espera das “cenas dos próximos capítulos” de um segundo workshop radiofónico.

Este evento foi da responsabilidade de Inês Aroso, docente de Laboratório de Jornalismo, da Direção do Mestrado em Ciência da Comunicação e da Direção do Departamento de Letras, Artes e Comunicação (DLAC), da UTAD.


Por: Madalena Silva
Em: 14/10/2011

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